Toda vez que dizemos para alguém que passamos 14 meses dando a Volta ao Mundo, as pessoas arregalam os olhos e disparam: ‘Nossa, mas vocês são ricos!’. Não, não somos ricos. Não passamos nem perto. Segundo os caciques da economia brasileira, nossa renda mensal nos situa entre a classe média baixa e a média média (quando os dois estão empregados, hehe). Como tivemos grana para conhecer 34 países de uma só tacada então? Primeiro, é claro, economizando muito e por anos. Segundo, descobrindo que viajar é barato. Nós, brasileiros, é que adoramos transformar nossas férias em um festival de gastos desnecessários. Brasileiro acha que viagem é sinônimo de alugar carro, se hospedar em hotéis três estrelas ou mais, fazer todas as refeições do dia em restaurantes e só passear pelos lugares de mãozinha dada com um guia.
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Mas, quando você está na sua casa, no seu dia a dia, você faz tudo isso? Anda de carro para todos os lados, come sempre fora, paga um aluguel acima do seu orçamento? Claro que não. Então, porque você vai fazer tudo isso quando viaja, se a sua renda não mudou? ‘Ah, mas férias só valem a pena se for para ter tudo o que a gente não tem ao longo do ano: boa comida, conforto, vista pro mar…’ Bom, isso é de cada um. Nós, e muitas outras pessoas, preferimos viajar gastando pouco a não viajar. Viajamos pelas paisagens, pela cultura, pelas pessoas, pelas experiências. Não pelo tamanho da cama do hotel.
O ponto é: viajar é barato se você estiver disposto a fazer isso acontecer, a abrir mão de mordomias supérfluas
É claro que há países cujo custo sempre será alto por fatores como isolamento, preço da moeda, custo de vida, distância etc. Mas, na grande maioria, viajar é barato sim. Até mesmo – e principalmente – na Europa, tão queridinha pelos brasileiros e tão carinha por causa do valor do euro. Como? Assim: se hospede em quartos compartilhados de hostels ou arme sua barraca em um camping, se desloque de ônibus sempre que possível (trem também é caro), cozinhe ou compre no supermercado/padaria a maioria das suas refeições e passeie sozinho, usando um livro como guia e transporte público.
Essa é a fórmula mágica que prova que viajar é barato. Você vai gastar em média menos de US$ 50 por dia, tudo incluído. Em alguns lugares muito menos até: US$ 35, US$ 40. Nunca acampou e tem nojinho de hostel? Não se preocupe, você é um brasileiro típico. Aprenda a acampar se tiver interesse, ou pesquise um pouco sobre os albergues dos tempos modernos no Google. Você vai descobrir que muitos são tão bons ou até melhores do que hotéis (algumas vezes mais limpos também). E que no mundo todo é muito comum se hospedar em hostels, mesmo quando se viaja com filhos pequenos. O truque é escolher um que atenda o seu perfil: festeiro, limpinho, hippie, jovem, casal, jeito de casa da mãe etc.
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Cozinha todo dia em casa e não quer saber disso nas férias? Você pode comprar pratos semi-prontos que basta colocar no micro-ondas. Saladas não precisam nem disso – eu comia quilos durante nossa viagem pela bagatela de 4 euros – e ainda ajudam a manter a forma. Compre sanduíches e faça piqueniques nas praças e parques. E leve sempre uma garrafa de água na mochila para não ficar gastando com refrescos aqui e ali. E, se você não tem dinheiro – ou se tem, mas quer economizar mesmo assim para poder viajar mais -, não alugue um carro. Há pouquíssimos lugares pelo mundo em que um veículo próprio é realmente necessário para o turismo, como a Ilha de Bali (Indonésia). Vá de ônibus ou trem – se não houver coletivos – e você provavelmente gastará muito menos, além de não ter que se preocupar em colocar gasolina ou achar estacionamento.
Esqueça os ‘city tours’ e aqueles caríssimos ônibus turísticos de dois andares. É muito provável que você consiga fazer os mesmo passeios sozinho, usando um livro como guia e qualquer forma de transporte público como meio de locomoção. Nós brasileiros estamos tão acostumados com ônibus e metrôs obsoletos e ineficientes que não percebemos que não é assim lá fora, pelo menos não na grande maioria dos lugares. E, se você gosta de caminhar, caminhe muito! Há poucas formas de se conhecer um lugar novo tão gostosas quanto com seus próprios pés. Em muitas capitais e cidades turísticas é possível encontrar os ‘free walking tours’, que são passeios básicos em que só se paga uma gorjeta voluntária para o guia (US$ 10 está de bom tamanho).
Eu já disse isso em outra coluna e vou dizer de novo: pare de pensar em viagens como caixinhas pré-fabricadas em que você é obrigado a caber. Só porque a sua prima foi para Nova York e jantou naquele restaurante badalado da 5ª Avenida, não quer dizer que você, que ganha muito menos do que ela, tenha que fazer a mesma coisa para ter uma viagem igualmente incrível. Não é porque você vai a Paris que precisa se hospedar em um hotel com vista para a Torre Eiffel. A melhor vista da Torre Eiffel é dos jardins do Trocadéro, onde não tem hotel nenhum. Você compra um vinho no supermercado, pega o metrô e estende sua canga na grama. Isso vai custar uns 10 euros, se não exagerar no preço do vinho. Você estará deixando de ter um gasto totalmente supérfluo com diárias de hotel e ganhando a mesmíssima experiência. Talvez uma até melhor.
Por último, esqueça os souvenires. Não existe gasto mais bobo nem mais brega do que com lembrancinhas de viagem! Sei que estou sendo repetitiva, mas, de novo: viajar é barato se você o fizer pelas experiências, não pelas coisas. Experiências nunca saem da nossa memória, enquanto aquela taça que eu comprei na Concha y Toro (famosa vinícola chilena), já se espatifou em um milhão de pedaços há muito tempo. Depois de dito tudo isso, faço a ressalva de que você deve traçar seu limite do quanto quer e pode abrir mão em termos de gastos de viagem. É claro que, se você tem alguma dificuldade de locomoção, não pode sair andando quilômetros por aí. E se você tem horror a hostel, não deve mesmo ficar em um. Viajar é barato, mas tem que valer a pena acima de tudo, mesmo que custe um pouco mais.
*** Por Ticiana Giehl
10 comentários
“Essa é a fórmula mágica que prova que viajar é barato. Você vai gastar em média menos de US$ 50 por dia, tudo incluído.”
Desculpe, mas não creio que um custo de quase 7 mil reais / 30 dias possa ser considerado barato para o brasileiro médio, principalmente no caso de querer fazer uma viagem como a que vocês fizeram, de mais de um ano.
Olá, Maria!
Obrigada por compartilhar sua opinião conosco.
Um abraço,
Tici&Marquinhos
QUANDO VOLTAREM DE PORTUGAL GOSTARIA DE SABER PONTOS TURÍSTICOS PARA PESSOAS DE 60 ANOS EM DIANTE.GRATA. BOA VIAGEM ( vamos para lá em janeiro)
Olá, Jussara!
Vamos escrever sobre todos os pontos turísticos que visitarmos.
Um abraço,
Tici&Marquinhos
Gosto muito de viajar , gostaria muito de conhecer os países do mercosul.
Olá, Marco!
Esperamos que você possa realizar essa viagem em breve.
Um abraço,
Tici&Marquinhos
Estamos planejando ir a Portugal em 2018,eu e mais 2 amigas, todas na faixa de 60 anos.Gostaria de algumas dicas ,nesse esquema “viajar barato”, vcs podem me dar algumas dicas de onde ficar em Lisboa E Porto?
Olá, Ziene!
Infelizmente, ainda não conhecemos Portugal. Embarcamos para passar um mês lá em setembro e, depois que voltarmos, vamos postar todas as dicas aqui no blog. Fiquem de olho!
Um abraço,
Tici&Marquinhos
Amei as dicas! Parabéns pelo post! 🙂
Obrigada, Michele!
Um abraço,
Tici&Marquinhos