Portugal é um país pródigo em cidades medievais. Se hoje está na berlinda da economia europeia, a terra de Camões já foi um dos reinos mais poderosos do mundo. Bem lembramos disso nós, brasileiros, que fomos domínio da Coroa portuguesa por séculos. Entre dezenas de vilarejos muito bem preservados, dois se destacam: o minúsculo Monsaraz, no leste; e Óbidos, no oeste. Enquanto Monsaraz é uma pacata cidade localizada bem longe da rota dos viajantes, Óbidos está a menos de uma hora de distância de Lisboa e no olho do furacão do turismo que invadiu Portugal nos últimos anos. Não é à toa que se tornou um dos lugares mais visitados do país. Mas, mesmo superlotada, é impossível não se apaixonar por suas ruelas labirínticas ladeadas por casinhas brancas, coloridas por flores e cercadas por uma impressionante muralha do século XIV.
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Não vou dizer que é um cenário de conto de fadas porque esta descrição guardo para a imbatível Carcassonne, na França. Mas com certeza Óbidos tem charme medieval para dar e vender. Habitada desde antes do Império Romano e tomada dos mouros em 1148, a cidade localizada perto da costa cresceu como um importante porto. E tornou-se mais próspera quando o jovem rei D. Dinis a deu de presente para a esposa, D. Isabel, em 1282. A partir daquele momento, Óbidos passou a pertencer à Casa das Rainhas que, ao longo das várias dinastias, a foram beneficiando e enriquecendo. Esta é uma das principais razões para existirem tantas igrejas na pequena localidade. No século XVI, no entanto, o assoreamento do porto encerrou a ligação de Óbidos com o mar, e a cidade entrou em declínio. Até ser restaurada e ressurgir como cartão-postal.
Não existe nenhum segredo para visitar Óbidos, já que o centro histórico – dentro das muralhas – é muito pequeno e não concentra um grande número de atrações. O barato por lá é mesmo curtir o clima de Idade Média, não entrar em pontos turísticos. Quer chegue de carro, quer de excursão, você verá logo na sua direita um aqueduto que cruza o estacionamento, ainda do lado de fora do muros. Mandado construir pela Rainha D. Catarina da Áustria, mulher de D. João III, ele tem 3 km de comprimento e levava água para os chafarizes da cidade. Depois, você pode seguir em frente e começar seu passeio pela Porta da Vila que, como o nome já diz, é a principal entrada da fortaleza. No seu interior encontra-se um oratório de Nossa Senhora da Piedade, padroeira da cidade, decorado com azulejos do século XVIII.
Assim que passar pela porta, você verá à sua esquerda as escadarias que dão acesso ao topo das muralhas. A subida é livre e gratuita, e você pode percorrer todo os seus 1.565 metros de extensão. Em alguns pontos, ela atinge os 13 metros acima do nível do chão, o que garante belas vistas da vila branca abaixo. Você pode optar por fazer só meia caminhada e descer quando chegar ao castelo, mas recomendamos que faça a volta toda por não ser muito longa e garantir fotos por todos os ângulos. Uma vez tendo completado o passeio, desça pelo mesmo ponto por onde subiu e você estará na principal via de Óbidos, a Rua Direita. É nela que está centralizado praticamente todo o comércio de Óbidos. Em determinados horários do dia, principalmente nos fins de semana, ela fica tão lotada de grupos de excursão que seria preciso um semáforo, hehe.
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Vá caminhando devagar e apreciando as construções caiadas de branco, de cujas janelas entreabertas pendem vasos de flores de todas as cores. Você verá lojas de roupas, de artesanato, souvenires, restaurantes, cafés, livrarias, padarias recheadas de deliciosos doces típicos e chocolaterias – o chocolate de Óbidos é famoso em Portugal. Mas a grande atração é a Ginginha de Óbidos, um licor patenteado pela cidade e que só ali se faz. O sabor da ginginha lembra muito o da cereja e a bebida é deliciosa. Quase todas as lojas tem uma mesa para fora onde vendem doses do licor para degustação, sendo a no copo de chocolate a mais popular. O preços variam entre 1 e 2 euros, então não existe desculpa possível para não provar a tão famosa ginginha!
Seguindo pela Rua Direita, você chegará à Praça de Santa Maria. Ali, você verá um pelourinho, uma coluna de pedra em estilo manuelino decorado com uma rede de pesca. Este é o emblema de D. Leonor, mulher de João I, que o adotou em honra dos pescadores que tentaram salvar seu filho do afogamento. No centro da praça, em um plano mais baixo, você encontrará a Igreja de Santa Maria. Foi neste templo que o futuro Rei Afonso V, então com 10 anos de idade, se casou com a prima Isabel, que tinha 8. Em seu interior, destaque para o teto de madeira pintado e azulejos do século XVII. Depois da visita à igreja e seguindo o trajeto pela Rua Direita, ela acabará no castelo de Óbidos. Reconstruído por D. Afonso Henriques no século XII, ele foi convertido em uma pousada e, por isso, não é aberto à visitação por dentro.
Mas você pode dar uma voltinha pela área que fica nos fundos da edificação, chamada de Cerca do Castelo e de onde se pode admirar sua solidez e grandiosidade. Para completar o passeio pelo centro histórico, volte à frente do castelo e vire à esquerda na primeira rua, onde uma casa super fotogênica faz a festa dos turistas. O local, na foto abaixo, é uma pousada e vende Ginginha, então você pode aproveitar para beber uma segunda dose, hehe. Passada a casa, vire novamente à direita e siga percorrendo os recantos floridos e pitorescos de Óbidos. Ao chegar ao fim da rua, você estará de volta ao ponto de partida, na Porta da Vila. A maioria dos turistas não passa mais do que uma manhã ou tarde na cidade, que é pequena e pode mesmo ser toda apreciada nesse meio tempo. Se este é o seu caso, pode considerar o passeio encerrado.
Mas, se você é uma das afortunadas pessoas que vai passar uma ou duas noites no vilarejo, temos uma sugestão de hospedagem fantástica em Óbidos. Trata-se da Casa do Relógio, uma pousada que funciona em uma belíssima casa antiga restaurada e oferece aos hóspedes um delicioso terraço com vista para a cidade e serviço de bar. Tudo isso dentro das muralhas e a apenas 10 minutos de caminhada da Rua direita. Os quartos da Casa do Relógio são pequenos e contam apenas com o mobiliário básico – cama, cadeira, ventilador e guarda-roupa. Mas todos têm banheiros privativos e aquecimento central. As diárias partem de US$ 53 para o quarto duplo, e de US$ 83 para acomodações de três pessoas.
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Por último, mas não menos importante: se for passar uma noite na cidade, não deixe de conhecer o único pub de Óbidos. O nome é complicado – Ibn Errik Rex -, mas tudo o mais lá dentro é muito simples. São quatro mesões de madeira adornados com garrafas antigas alojados em uma legítima taberna portuguesa. A única comida servida no local é o típico chouriço flambado na hora, acompanhado de queijo da Ilha da Madeira picado e o delicioso pão português. Se não é o suficiente para você como refeição, eleja outro dos restaurantes da cidade para se fartar primeiro e depois passe no Rex para uma taça de vinho do Porto. O lugar é imperdível e tem um ‘plus a mais’ para brasileiros. Emoldurado na parede, um bilhete assinado por Juscelino Kubitschek atesta que este era o bar preferido do ex-presidente no país!
Óbidos – Quando visitar
Como tudo para se ver em Óbidos está ao ar livre, tente programar sua passagem pela cidade para o verão ou primavera, que são as estações do ano menos chuvosas no país. Os meses que registram menor precipitação na região são julho e agosto. Na estação das flores – abril a junho -, a cidade fica especialmente colorida. Se você tem mais medo das multidões de turistas do que das nuvens cinzentas, fuja dos finais de semana e feriados como do inferno. Se for possível, evite também viajar na alta temporada de férias escolares na Europa, que vai de julho a agosto. Chegar na cidade no fim da tarde e deixar para passear no dia seguinte cedinho também ajuda bastante! Além disso, Óbidos sedia o Festival Internacional do Chocolate, e pode ficar muito movimentada durante o evento – que ocorre entre fim de fevereiro e início de maço.
Óbidos – Como chegar
Óbidos está localizada no centro de Portugal, na região de Estremadura e Ribatejo, 85 quilômetros ao norte de Lisboa e 170 quilômetros ao sul de Coimbra. Para chegar até a cidade de carro alugado, basta setar a localização no GPS e aproveitar as excelentes estradas portuguesas (faça sua cotação aqui!). Você pode fazer um bate-volta desde Lisboa ou Coimbra ou parar na vila para um dia de passeio no meio do caminho entre as duas. Muitos turistas combinam a visita a Óbidos com outra atrações da região. São elas o Mosteiro de Alcobaça (em Alcobaça, a 40 quilômetros de distância), o Convento de Cristo (em Tomar, a 105 quilômetros), o Mosteiro da Batalha (em Batalha, a 60 quilômetros) e o Santuário de Fátima (87 quilômetros).
Outra maneira de visitar o vilarejo é contratando um tour que sai de Lisboa – peça informações no seu hotel ou agência. Para conhecer Óbidos por conta própria, mas sem carro, é possível usar o sistema de ônibus intermunicipal ou trens. Coletivos da RodoTejo partem da Estação Campo Grande em Lisboa a cada meia hora a partir das 7h, sendo que o último carro volta 0h30 (1 hora de viagem por 8 euros o trecho). Trajetos mais curtos, desde Alcobaça, Tomar, Fátima, Batalha e outras cidades da região também são operados pela empresa, mas os carros não são muito frequentes – consulte o site para ver todos os horários, paradas e duração da viagem.
Já os trens partem de diversas estações da capital, mas em meno horários do que os ônibus. A viagem dura cerca de duas horas e meia e custa em torno de 9 euros o trecho. De Porto, a maior cidade turística do norte de Portugal, são entre 3h30 e 6 horas para chegar ao vilarejo, sendo que as passagens custam a partir de 19 euros. De Coimbra saem apenas dois vagões por dia, sendo que a viagem dura três horas e custa 14 euros. Para maiores informações, consulte o site da Comboios de Portugal. Mas atenção, porque a estação ferroviária de Óbidos não fica no centro da cidade, sendo preciso pegar um táxi para chegar até as muralhas.
*** O Escolha Viajar esteve em Portugal em setembro/outubro de 2017 ***
2 comentários
Excelentes dicas. Parabéns pelo trabalho.
Olá, Marli!
Obrigada por compartilhar sua opinião conosco.
Um abraço,
Tici&Marquinhos