Viajar para o deserto mais seco e mais alto do mundo pode soar como o equivalente de ‘perrengue à vista’. Mas o Atacama, localizado no norte do Chile e a apenas 50 quilômetros da fronteira com a Bolívia, não exige grandes malabarismos ou preparação dos seus visitantes. E ainda vai lhe recompensar com algumas das paisagens mais incríveis e surreais do planeta. Mas, para que você saiba exatamente o que vai encontrar em um lugar a 2.400 metros acima do mar, que quase nunca registra chuva e onde a temperatura pode variar mais de 20 graus entre o dia e a noite, é bom ler algumas dicas do Atacama antes de viajar.
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O acesso ao deserto é fácil, sendo que a rota mais comum é via o próprio Chile e a segunda, pela Bolívia. Saindo do Brasil, você deve pegar um voo internacional para Santiago do Chile e, de lá, uma conexão doméstica até o aeroporto de Calama. O último trecho dura cerca de uma hora via terrestre, seja de ônibus interurbano, seja de transfer privado de Calama até a pequena San Pedro do Atacama, cidade que serve como base para fazer turismo no deserto. Via Bolívia, você pode voar para La Paz e, de lá, pegar outro avião doméstico ou um ônibus de 10 horas para Uyuni.
Esta minúscula cidade fica a poucos quilômetros da fronteira com o Chile e ainda abriga outra atração top na América Latina: o Salar do Uyuni, o maior deserto de sal do mundo. Como vocês podem imaginar pelas distâncias, combinar a visita aos dois desertos é uma excelente ideia. Principalmente porque você pode escolher onde quer terminar seu tour pelo Uyuni: se de volta à Bolívia ou em San Pedro.
Agora que você já sabe como chegar até lá, confira 10 dicas do Atacama que são fundamentais para quem pretende viajar ao deserto mais seco do mundo:
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Dicas do Atacama 1 – Preços e câmbio
O Atacama é um lugar caro para se fazer turismo, com padrões de preço que lembram mais a Europa do que seus vizinhos Peru e Bolívia, ou mesmo do que o resto do Chile. Você vai pagar US$ 1,6 por um 1,5 litro de água, US$ 4 por um pack de cerveja, US$ 14 por um prato em restaurante (sem bebidas), e entre US$ 55 e US$ 100 por um quarto de hotel. Os tours costumam custar de US$ 10 a US$ 40, sem contar as taxas de entrada nas atrações.
Além disso, o câmbio de reais para pesos chilenos não é nada favorável no deserto. Se você passar por outros lugares do Chile antes de chegar ao Atacama, vale a pena trocar seu dinheiro por lá mesmo. MENOS nos aeroportos chilenos, onde as cotações são normalmente ainda mais baixas do que nas ruas de San Pedro.
Dicas do Atacama 2 – Hidratação
O fato de o Atacama ser o deserto mais seco do mundo pode trazer certo desconforto para os visitantes que não estão acostumados à baixa umidade do ar. A regra número um para quem viaja ao Atacama é sempre ter uma garrafa de água à mão, seja nos passeios sob o sol, seja à noite no hotel. Nada de embalagens de 500 ml, compre direto as de 1,5 ou 2 litros, pois você VAI sentir muita sede e a garganta arranhando o tempo todo.
Também é indispensável levar protetor labial, pois a sua boca será a primeira coisa que a baixa umidade do ar vai destruir. Dependendo do tempo que você passar no Atacama e da sensibilidade da sua pele, as rachaduras podem se tornar profundas e dolorosas. Para as mulheres, existem batons com protetor na fórmula, já os homens podem usar a chamada ‘manteiga de cacau’, que não tem cor, gosto ou cheiro.
Outros paliativos são colírio para os olhos, especialmente se você usa lentes de contato, e umidificantes para as vias nasais, como o Rinosoro. Não é raro ver turistas com sangramento no nariz por causa do ar seco.
Dicas do Atacama 3 – Altitude
Não bastasse ser o deserto mais seco do mundo, o Atacama é também o mais alto, estando a 2.400 metros acima do nível do mar. Isso quer dizer que algumas pessoas podem sofrer do chamado ‘soroche’, ou mal de altitude. Os sintomas são aceleração cardíaca, dificuldade para respirar, dor de cabeça, náuseas e vômitos. Se você já teve problemas ao viajar para lugares altos, passa mal em aviões ou é sujeito a dores de cabeça, recomenda-se pelo menos 48 horas de adaptação antes de sair turistando pelo Atacama. Você pode aproveitar esse tempo para cuidar de burocracias como trocar dinheiro, reservar passeios ou adiantar a compra de souvenires.
Se não tiver dois dias extras disponíveis, o jeito é tentar aliviar os sintomas do soroche. Existem pílulas específicas para isso vendidas nas farmácias ou, se preferir produtos naturais, procure por chás, chocolates e balas à base de folhas de coca.
Dicas do Atacama 4 – Transporte
Não é possível visitar nada no Atacama por transporte público, até porque, com exceção do Valle de la Luna, nenhuma atração está situada em San Pedro, e sim espalhadas por distâncias de até 110 quilômetros deserto adentro. Para conhecer os pontos turísticos do deserto, você pode alugar um carro ou contratar os tours que partem às dezenas diariamente da rua principal (e praticamente a única) da cidade.
A primeira opção é a mais cara, mas também lhe dá o poder de controlar quando ir e quanto tempo ficar em cada lugar. O veículo precisa ser 4×4 e o GPS é indispensável. A segunda opção é mais engessada em termos de roteiro e horário, mas definitivamente mais econômica. O Escolha Viajar fez todas as visitas com tours, de três empresas diferentes, e avaliou todos como bons.
Para visitar o Valle de la Luna, que fica a apenas 16 quilômetros de San Pedro, existe ainda uma terceira alternativa: alugar uma bicicleta, o que sai ainda mais em conta do que o preço do passeio em ônibus de excursão. Mas é preciso ter bom preparo físico para encarar o calor, o ar seco e a altitude. Além disso, é bom lembrar que o caminho de ida é uma descida, e a volta… ladeira acima! Um grupo de brasileiros que estava hospedado no mesmo hostel que nós não aguentou e teve que pedir carona na estrada para retornar a San Pedro.
Dicas do Atacama 5 – Clima
Com certeza você não vai precisar se preocupar em levar galochas ou guarda-chuva para o deserto mais seco do mundo, mas as variações de temperatura são um fator importante em uma viagem ao Atacama. Durante o dia, a presença perene do sol costuma elevar os termômetros mesmo nos meses mais frios, sendo que as médias máximas são de 28ºC no verão (dezembro a fevereiro) e de 23ºC no inverno (junho a agosto).
O problema é quando o astro-rei se põe no horizonte do deserto. Apesar de ser um espetáculo magnífico, significa que a temperatura vai despencar, sendo possível uma variação de até 20 graus entre o dia e a noite no deserto. As médias mínimas são de 8ºC no verão (dezembro a fevereiro) e de 1ºC no inverno (junho a agosto).
Além disso, o frio pode se intensificar muito caso você faça o passeio até as Lagunas Altiplânicas, um dos mais tradicionais do Atacama. Elas estão localizadas quase na fronteira com a Argentina, a 4.000 metros de altura! No inverno, as temperaturas por lá são tão baixas que é possível ver as lagoas congeladas. Ou seja, leve roupas quentes para o Atacama, mesmo se for viajar no verão.
Dicas do Atacama 6 – Agências de turismo
Embora não enfrente os mesmos problemas da vizinha Bolívia quanto à qualidade dos serviços oferecidos, é bom fazer uma pesquisa antes de fechar seus tours com uma das dezenas de agências do Atacama. Primeiro, porque o preço na placa é um e o preço real é outro. Quando você entrar e perguntar, eles sempre dizem que vão fazer um desconto especial para fechar o passeio, reduzindo o preço entre 2 e 10 mil pesos chilenos. Mas você vai ouvir essa história em todas as agências, pois a verdade é que não há nenhum ‘desconto’, e sim que o preço anunciado na porta é mais alto do que o valor real do tour. Portanto, entre e pergunte.
É bom saber também que a maioria das agências do Atacama não opera os tours, apenas vende lugares nos passeios das empresas maiores. É uma prática comum e não significa que a agência é ruim, apenas que você pode marcar todos os seus passeios em uma única delas e sair pelo deserto com várias empresas diferentes. Ao mesmo tempo em que é interessante não fazer todos os passeios com apenas uma agência antes de conhecer a qualidade do serviço, a maioria delas oferece bons preços para quem fechar ‘pacotes’ de quatro ou cinco tours. A decisão fica por conta do seu orçamento de viagem.
Dicas do Atacama 7 – Lagoas salgadas ‘secretas’
Uma das atrações mais famosas e procuradas do Atacama é a Laguna Cejar (na foto), cuja água gelada tem uma concentração de sal maior do que o Mar Morto. Ou seja, você não afunda, por mais que tente. Para visitar a Cejar, basta ir a qualquer agência de San Pedro, já que todas vendem o tour diariamente. O resultado disso é que a lagoa está sempre lotada de turistas, o que não é bom para quem não gosta de aproveitar esses lugares ímpares da natureza ao lado de uma multidão barulhenta e balançando ‘paus de selfie’ para todos os lados.
Mas existem duas lagoas salgadas no Atacama que são praticamente ‘secretas’. Tão secretas que não encontramos nada sobre elas na internet. Quem contou sobre o passeio foi um casal de amigos que esteve no Atacama em dezembro. Eles marcaram o tour para a Laguna Cejar, mas, na hora da saída, o motorista perguntou se eles não tinham interesse em conhecer essas duas novas lagoas e explicou que o acesso a elas havia sido liberado recentemente, por isso ainda não havia tours oficiais para lá.
Pelas fotos que nossos amigos nos mostraram, elas não apenas estavam desertas como são lindas, com água azul cristalina. Se você for ao Atacama, vale a pena questionar algumas agências sobre essas lagoas, embora, infelizmente, não tenhamos sido informados sequer do seu nome. O Sentinela Moto Grupo passou por elas em janeiro e registrou imagens, que você pode conferir aqui.
Dicas do Atacama 8 – Piedras Rojas
Este tour não faz parte do ‘pacote básico’ das agências de San Pedro – que tem Valle de la Luna, Laguna Cejar, Lagunas Altiplânicas e Gêiseres del Tatio – e nem todas o oferecem. Mas com certeza é o lugar mais bonito que você pode visitar no Atacama. A cor das ‘piedras rojas’, ou pedras vermelhas, deriva da grande concentração de ferro oxidado no local, que não é um parque nem nada parecido com uma propriedade, mas apenas um amontado de rochas a 4.000 metros de altitude. Complementam o cenário uma lagoa e as montanhas ao fundo. E você ainda vê tudo em dobro, refletido na superfície praticamente imóvel da água.
O passeio pode ser combinado com as Lagunas Altiplânicas, que ficam logo ao lado, e com o Salar de Tara, localizado já no caminho de volta para San Pedro. Quem opta por este tour completo parte da cidade às 6h30 para encarar os 110 quilômetros de distância em direção à fronteira com a Argentina, com uma parada para o café da manhã.
Dicas do Atacama 9 – ‘Pedra do Coiote’
Ninguém viaja até o Atacama sem fazer o tradicional passeio pelo Valle de la Luna, a paisagem mais famosa do lugar. Os tours saem às 16h para que os turistas possam, no fim, acompanhar o pôr do sol na chamada ‘Pedra do Coiote’. Assim que chegar ao local, você vai perceber uma fila gigantesca de pessoas esperando sua vez de serem fotografadas sobre a rocha, que se projeta sobre o vale a muitos metros de altura enquanto o sol vai caindo ao fundo. Um cartão-postal lindo de morrer, mas quando você pega sua câmera de volta e olha a foto… não passa de uma silhueta escura, não é possível ver o seu rosto.
Isso acontece porque os turistas se posicionam CONTRA o sol, e não a favor. Você precisa ter um conhecimento razoável de fotografia e uma câmera profissional para que o efeito silhueta não aconteça. Ou pode simplesmente tirar a foto para o outro lado. O sol não estará contra, mas sim a favor, iluminando toda a incrível paisagem lunar aos seus pés, a Cordilheira dos Andres ao fundo e também o seu rosto. Assim, você não será apenas uma silhueta escura e vai de fato aparecer na foto. Além disso, não há filas para registrar a imagem nessa posição e você terá muito mais tempo para curtir o inesquecível entardecer no Atacama.
Dicas do Atacama 10 – Salar do Uyuni
Não perca a oportunidade de visitar o Salar do Uyuni quando for ao Atacama. O lugar é o maior deserto de sal do mundo e lar de algumas das paisagens mais incríveis do planeta. O Salar do Uyuni está localizado na Bolívia, cuja fronteira fica a apenas 50 quilômetros de San Pedro do Atacama. Praticamente todas as agências do lado chileno vendem os tours de três dias para o Uyuni, é só escolher a que despertar sua preferência e agendar.
Os passeios são feitos em veículos 4×4 para até seis pessoas e incluem duas noites de hospedagem e todas as refeições. Apenas garanta ter roupas quentes na bagagem, pois o Uyuni é muito mais alto e frio do que o Atacama. Ao fim do tour, você pode escolher se quer voltar ao Chile ou se segue viagem pela Bolívia.
*** O Escolha Viajar esteve no Atacama em dezembro de 2015 ***