Quem nunca sonhou em conhecer uma cidade medieval de verdade? Igual àquelas dos filmes, com torres, muralhas, fosso, ruelas e casas de pedra? Pois o seu sonho pode se realizar em uma viagem à França! É lá que está localizada Carcassonne, a mais bem reservada cidade medieval da Europa. Ela reluz em meio às montanhas do sul do país, onde surgiu como um bastião de defesa das fronteiras do antigo reino com Aragão. Babou? Limpe, vamos ensinar como visitá-la passo a passo.
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Mas, antes, um pouco de história. Afinal,esse é o principal elemento de uma visita a Carcassonne. Cercada por nada menos do que três quilômetros de muralhas e 52 torres construídos entre os anos 890 e 910, a cidade-fortaleza impedia as invasões dos normandos. Diz a lenda, que seu nome foi inspirado em uma das senhoras feudais do lugar, chamada Dama Carca. A cidade foi cercada pelo inimigo e, para espantá-lo, ela teria mandado soar todos os sinos ao mesmo tempo.
Imaginando que aquele seria o sinal de um contra-ataque, o inimigo fugiu. A cidade livre ficou livre e passou a ser conhecida como ‘Carca sone’ – Carca soa, em tradução livre. Se a história é verdadeira ou não, pouco importa, já que ela traz ainda mais magia a um passeio que já é saído de contos de fadas. Quando o território da França se expandiu e aquele ponto deixou de ser uma fronteira, ela perdeu seu poderio e prestígio.
Toda a parte murada da cidade, chamada de Cité, se degradou até quase virar ruína. Mas, em 1853, o arquiteto Violet-le-Duc empreendeu um projeto gigantesco e até então inédito de restauro do lugar, devolvendo-lhe todo o esplendor dos tempos medievais. O trabalho foi tão bem feito que atraiu os olhares do mundo todo, inclusive de Walt Disney. Tanto, que a cidade foi sua inspiração para desenhar o castelo de um dos seus maiores clássicos: ‘A Bela Adormecida’.
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Como chegar a Carcassonne
Carcassonne está localizada na região francesa de Languedoc-Roussillon, 730 quilômetros ao sul de Paris e 90 quilômetros a sudeste de Toulouse. Para quem vem de longe ou mesmo prefere o conforto de voar, a cidade conta com seu próprio aeroporto regional. Ele está localizado a três quilômetros do centro da cidade, mas recebe voos de um número limitado de cidades. Entre elas Bruxelas, Porto, Londres, Dublim e Edimburgo.
Shuttles da RTCA ligam o terminal à cidade – inclusive a Cité -, com saídas previstas para 45 minutos depois da chegada de cada avião. Os tickets podem ser comprados a bordo por 6 euros. Mas é claro que o modo mais fácil de se locomover na França é de trem. Há conexões regulares partindo de várias localidades próximas, como Marseille, Nice, Montpellier, Lyon, Perpignan, Nîmes, Bordeaux e Toulouse. Vamos citar apenas as mais populares entre turistas e também Paris, é claro.
A viagem desde Lyon dura cerca de 3h30 a bordo do trem-bala francês, o TGV (train à grande vitesse). As passagens custam a partir de 49 euros. Desde Marseille, são apenas 3 horas com custo a partir de 20 euros. Desde Nice, é preciso pegar o TGV até Marseille e então trocar para um vagão regional, em uma viagem de no mínimo 6 horas e que sai a partir de 54 euros. Desde Paris, o trajeto pode levar de 5h20 a quase 7 horas e é preciso trocar de trem em Toulouse ou Narbonne.
As passagens custam a partir de 41 euros. Outra rota para visitar a cidade é vindo de Barcelona, na Espanha, que está a apenas 300 quilômetros de distância. A viagem dura cerca de 4h30 e custa a partir de 15 euros. Para quem não se incomoda em dormir em um ônibus e precisa economizar, há uma linha direta desde a capital da França até Carcassonne pela empresa Ouibus. São mais de 10 horas de estrada, mas a viagem é noturna e sai a partir de 28 euros.
Para consultar todos os horários, preços e comprar passagens de trem, clique aqui. Passagens de ônibus, aqui. Uma vez tendo desembarcado na estação de Carcassonne, você vai precisar encarar uma caminhada de 2 quilômetros de subida até a Cité ou procurar um transporte. Normalmente, há um shuttle do lado de fora da estação sempre que um trem chega. A passagem custava dois euros em 2015. Caso contrário, procure pela linha de ônibus nº 4 (veja tabela horária aqui).
Roteiro de 1 dia em Carcassonne
Conseguiu chegar até a Cité? Ótimo, agora sim é que começa o passeio pela Idade Média. O ideal é começar esse roteiro por Carcassonne pela manhã para conseguir ver tudo, mas não precisa ser super cedo, já que a parte murada da cidade não é tão grande. O ponto inicial do roteiro é a Porte Narbonnaise, o principal portão de acesso às muralhas. Bem em frente a ele, você verá um busto em pedra da Dama Carca. Não é o original, que está no museu do Château Comtal.
O Château Comtal é o castelo dentro das muralhas, a parte da fortaleza que era habitada pelos senhores feudais e suas famílias. E será a primeira coisa que vamos visitar em Carcassonne. Para isso, passe pele Porte Narbonnaise e adentre a rua principal da cidade murada, a Cros Mayrevieille. Vá caminhando sem pressa, pois ela é cheia de lojinhas instaladas em casarões medievais que são uma delícia de namorar. Todas as vias da Cité são estreitas e tem calçamento de pedra.
Mas não se perca nas compras, pois é preciso virar na terceira ruela à direita para chegar à Place du Château, ou Praça do Castelo. Aqui ficam a bilheteria e a entrada do Château Comtal, que é feita por uma ponte de pedras sobre um antigo fosso, que hoje está seco e foi transformado em jardim. Para evitar filas, principalmente para quem viaja na alta temporada de verão (junho-agosto), você pode comprar o ingresso de 9 euros com antecedência (acesse aqui).
O castelo dos Condes de Carcassonne era o centro do sistema defensivo da cidade. Nele, você não vai encontrar quartos luxuosos e ricamente decorados, como é comum nos castelos abertos para visitação na França. Os aposentos interiores foram esvaziados de suas mobílias e funções originais, servindo hoje como um pequeno museu arqueológico da cidade. Mas a visita vale mesmo a pena porque o castelo é a única porta de entrada para percorrer as muralhas.
Você pode subir na torre de menagem, ver os pátios internos, as passarelas, as torres, seteiras e ainda admirar belas vistas da cidade do alto das muralhas. Não deixe de tirar muitas fotos com os telhados em forma de cone. Mais conto de fadas, é impossível! Você vai percorrer uma boa parte da cidade por cima, passar pelo anfiteatro e descer quase do lado oposto ao da Porte Narbonnaise. Vai sair na Place Saint-Nazaire, onde fica a basílica do mesmo nome.
Esta imponente igreja em estilo gótico foi a catedral de Carcassonne até 1801. Você pode entrar livremente para visitar, é de graça. Logo ao lado direito da igreja, você verá uma esquina bifurcada entre as ruas Saint-Louis e Four Saint-Nazaire. Eu a batizei de ‘esquina fotogênica’ no mapa porque é um dos pontos mais legais da cidade para tirar fotos. Depois dela, é hora de se perder um pouco pelas ruelas e mergulhar no clima de Idade Média.
A Cité é um emaranhado fascinante de vias minúsculas e prédios de aparência totalmente medieval – alguns autênticos -, em que funciona uma microcidade. Ali estão bares, restaurantes, hotéis, lojinhas de souvenires, de roupas, de produtos locais e, é claro, de chocolate. Tudo maravilhoso para um passeio a pé. Até porque apenas veículos de abastecimento e com autorização especial podem circular dentro das muralhas.
Não existe um trajeto fixo ou especial a fazer, até porque o lugar é bem pequeno e você sempre acaba voltando para onde já esteve. Mesmo assim, deixamos uma sugestão no mapa. O importante é você chegar ao próximo ‘ponto turístico’ do roteiro: a loja de chocolates Real. Lá dentro, você encontra pilhas e pilhas de barras gigantes de chocolate mesclado com nozes, frutas, licores e tudo o mais que você puder sonhar. Se não for comer ou comprar, vale ao menos uma foto!
A loja da Real fica na rua principal da Cité, a Cros Mayrevieille, aquela mesmo por onde você adentrou na parte murada. Nessa altura do campeonato, você já deve estar morrendo de fome. Nossa sugestão é um almoço rápido, gostoso e econômico, se não o bolso não aguenta o jantar da noite (a França é um país onde custa caro comer fora). Trata-se de uma lanchonete que serve kebab, o espetinho de carnes árabe servido com pão típico.
O lugar não tem nem nome, mas garantimos que a comida é boa. Quando sair da Real, vá para a direita e dobre na primeira ruela à esquerda, a Rue du Grand Puits. O kebab fica logo em frente á loja Loula Carcassonne – está marcado no mapa. Se você não gosta do prato, eles servem crepes, torradas e outros lanches também. Para fazer a digestão, é hora de dar uma boa caminhada enquanto a tarde se encaminha para o seu fim.
Novamente, não importa o caminho que você faça e também não há pressa. O importante é chegar ao último ponto que vamos visitar na cidade, a Porte de L’Aude. Ela fica nas muralhas do lado esquerdo de quem olha de frente para o Château Comtal. De qualquer forma, deixamos uma sugestão de trajeto no mapa. Depois que passar por ela, pare para tirar algumas fotos, pois este é o melhor ângulo para tirar fotos pelo lado de fora das muralhas.
Em seguida, siga pelo caminho que desce em direção à parte moderna da cidade. Você vai passar pela Igreja de Saint-Gimer e sair na Rue Barbacane, onde vai pegar a direita. Daqui é só ir reto em direção ao Rio Aude, não tem como errar. No fim da rua, você vai avistar a bela Pont Vieux, ou Ponte Velha, cujos arcos de pedra ligam as duas margens do rio. De cima dela é possível ter uma bela vista da Cité lá no alto da colina. Atravesse e descubra mais ângulos no outro lado do Aude.
A paisagem fica especialmente bonita à luz sol poente, que bate em cheio nas muralhas. Por isso recomendamos fazer este passeio no fim da tarde. Depois, se você vai passar a noite na cidade, é só ir para o seu hotel para tomar um banho e se aprontar para a segunda parte do roteiro, à noite. Se não vai ficar, é hora de voltar para a estação/aeroporto e dar adeus a Carcassonne. Nosso conselho? Fique pelo menos uma noite, garantimos que vale a pena!
Primeiro, pelo jantar. Nossa sugestão é o restaurante La Maison de La Blanquette, que fica na Place Marcou, dentro das muralhas (é só entrar pela Porte Narbonnaise e dobrar na primeira ruela à esquerda). Essa praça é uma festa nas noites mais quentes, quando os restaurantes ficam lotados sob as luzes coloridas. Aliás, você pode escolher qualquer um deles para comer, o cardápio e os preços não diferem tanto assim.
Seja em qual for que você sentar, a pedida é provar a culinária típica da região de Toulouse, famosa por sua linguiça e pelo cassoulet. Este cozido de feijão, carne de caça, carne de porco, linguiça e salsichas é pesado, mas uma delícia! Para acompanhar, vinho da região de Languedoc-Roussillon, é claro. Depois de cheia a pança, é hora de sair para passear pela cidade toda iluminada. A palavra ‘mágico’ descreve muito bem o cenário, principalmente as muralhas.
Onde ficar em Carcassonne
Carcassonne pode sim ser conhecida em apenas um dia, se você chegar pela manhã mais ou menos cedo e deixar a cidade no fim da tarde. Mas, como já dissemos acima, recomendamos fortemente que você passe pelo menos uma noite lá. Além de ser menos cansativo, só assim você poderá ver a Cité toda iluminada. Para quem decidir ficar, temos duas sugestões de onde se hospedar. Uma dentro das muralhas e a outra logo do lado de fora.
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Poder dormir do lado de dentro das muralhas é uma experiência incrível, mas não necessária. Há hotéis muito bons a poucos minutos de caminhada do lado de fora da Cité e que cobram preços bem mais aceitáveis do que os de dentro. Entre eles está o Mercure Porte de la Cité, onde nos hospedamos por uma noite durante nossa primeira visita à cidade, em 2011. Eles está situado a apenas quatro minutos a pé das muralhas e tem vista para elas.
Além disso, este hotel três estrelas dispõe de uma piscina ao ar livre no verão, WiFi gratuito, serviço de café da manhã e restaurante. Os quartos são amplos, muito bem decorados, com camas super confortáveis, ar-condicionado e banheiro moderno. As diárias custam a partir de 120 euros para duas pessoas (clique aqui para fazer reserva). Já quem faz questão de ficar dentro da cidade medieval sem gastar muito, tem uma boa opção no Auberge de Jeunesse.
Este hostel – onde ficamos por uma noite em nossa segunda ida à cidade, em 2015 – oferece camas em dormitório com diárias que custam a partir de 18 euros, além de quartos privativos para até seis pessoas com preços que começam em 53 euros para um hóspede. As acomodações contam com banheiro privativo, ventilador, aquecimento e lockers. O café da manhã está incluído na diária, assim como o acesso à WiFi. Além disso, há uma cozinha para uso dos hóspedes.
*** O Escolha Viajar esteve em Carcassonne em julho de 2011 e agosto de 2015 ***
2 comentários
Excelentes dicas, adorei conhecer a historia, me deixou com mais vontade de conhecer!
Olá, Cristina!
Muito obrigada por compartilhar sua opinião conosco.
Um grande abraço,
Tici&Marquinhos