Braga não costuma ser uma cidade que entra no roteiro de quem viaja para Portugal. Aliás, o norte de Portugal como um todo atrai um número relativamente pequeno de visitantes, sendo que a maioria não passa de Porto. Mas a região do Minho tem muito a oferecer aos visitantes, sendo Braga sua maior cidade e principal destino para o turismo. Além de ser um lugar agradável e cheio de história para contar, é lá que fica o famoso e incrível Santuário do Bom Jesus do Monte. Ah, você nunca ouviu falar dele? Deveria, pois é uma atração imperdível de se conhecer em Portugal. O melhor de tudo é que ambos – Braga e o santuário – estão localizados apenas 67 quilômetros ao norte de Porto, o que torna o passeio até lá um bate-volta delicioso para fazer de carro, ônibus ou trem.
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Para começar, não poderia faltar um pouco de história, já que Braga é a cidade mais antiga de Portugal. Seu nome original era Bracara Augusta, tendo sido fundadas por romanos no ano de 16 AC! No século XII, tornou-se sede do arcebispado português e a capital religiosa do país. Por isso, há muitas igrejas e festas católicas tradicionais em Braga. Já no século XVI, o arcebispo D. Diogo de Sousa, influenciado por uma visita à capital da Itália, projeta a transformação urbana da antiga cidade medieval. Ela ganha muitas praças, igrejas e o apelido de ‘Roma portuguesa’. Mas Braga acabou perdendo seu prestígio e importância no século XX, junto com toda a Igreja Católica, e, hoje, é uma cidade universitária acolhedora e com um centro histórico muito charmoso.
E é exatamente por lá que você deve iniciar seu roteiro de um dia em Braga. O primeiro local a se visitar é a Praça da República, onde uma bela fonte e um letreiro com o nome da cidade dão as boas-vindas aos visitantes. Ali na praça mesmo inicia-se a Rua do Souto, a principal do centro histórico e fechada apenas para pedestres. Logo na primeira esquina, aproveite para tomar um café no tradicional Café A Brasileira, elegantemente decorado ao estilo do século XIX. Na próxima esquina, à direita, você vai encontrar a Rua do Castelo, de onde se pode avistar a Torre de Menagem. Trata-se da única construção que restou das fortificações medievais da cidade, tendo sido erguida no século XIV.
Voltando da torre e seguindo o passeio pela Rua do Souto, você vai passar pelo Largo do Paço onde verá, na sua direita, o Chafariz do Castelo e o prédio da Reitoria da Universidade do Minho. Logo depois de passar por ele, dobre na primeira esquina à esquerda, na Rua de Nossa Senhora do Leite, então à direita na Rua Dom Paio Mendes e novamente à direita na Rua do Cabido. Você sairá na frente da Sé de Braga, sede de uma das dioceses mais antigas de toda a Europa. O templo que pode ser visto hoje é uma mistura de três estilos arquitetônicos – românico, manuelino e barroco -, originários desde sua construção no século XIII e passando por todos os acréscimos e restaurações que foram feitos no prédio até o século XX.
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Para conhecer a Sé de Braga é preciso pagar entrada. São 2 euros apenas para a catedral, 2 para capelas e coro alto e 3 para o museu e tesouro. O bilhete combinado para tudo sai por 5 euros. A visitação pode ser feita todos os dias das 9h30 às 12h30 e das 14h30 às 17h30 (no verão, o horário é estendido até 18h30). Seguindo com nosso roteiro pela cidade, é só sair à direita da Sé e andar até a esquina para encontrar a Rua Dom Diego de Souza, que é a continuação da Rua do Souto. Na quadra seguinte, você vai chegar ao fim da peatonal, que termina no Arco da Porta Nova. Mais um marco arquitetônico da cidade, este arco de pedra em estilo barroco e neoclássico foi construído no século XVIII e marcava uma das entradas da cidade quando ela ainda era cercada por muralhas.
Depois do Arco da Porta Noca, vire à direita na Rua dos Biscainhos. Logo na próxima esquina, você vai encontrar o Museu dos Biscainho, que funciona no palácio do mesmo nome. Mas o interessante aqui não é o acervo, e sim o belo jardim barroco que data de 1750. A entrada é livre de terça a domingo, das 10h às 12h30 e das 14h às 17h30. Depois da visita, continue seguindo pela Rua dos Biscainhos até a Praça Conde de Agrolongo. Você vai avistar, na sua esquerda, o belo prédio barroco da Câmara Municipal de Braga, construção atribuída ao arquiteto André Soares da Silva no século XVIII. Saindo da praça, pegue a Rua de Santo Antônio. Na próxima quadra você verá outra praça à sua direita, a do Município.
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Este espaço aconchegante abriga a Fonte do Pelicano e os Paços do Concelho. Na sua esquerda, você verá os fundos do Paço Arquiepiscopal. Basta entrar na Rua Eça de Queiroz e você sairá na parte frontal do edifício, junto ao Jardim de Santa Bárbara. Antigo palácio dos arcebispos de Braga, hoje ele abriga o arquivo da cidade. O edifício foi erguido nos séculos XIV e XV e tem a aparência de uma fortaleza. Em conjunto com o jardim, forma um dos cartões-postais de Braga. No seu centro, encontra-se uma fonte do século XVII encimada por uma estátua de Santa Bárbara. Depois desta bela caminhada, é hora de fazer uma pausa para o almoço. Nossa recomendação é o Frigideiras do Cantinho, restaurante especializado em um prato típico da cidade.
A frigideira é uma espécie de torta salgada feita de massa folheada e recheio de carne ou queijo. Para chegar ao Cantinho, basta seguir pela rua que passa em frente ao Jardim de Santa Bárbara – a Dr. Justino Cruz – por duas quadras, até a esquina com o Largo de São João do Souto. Já se você preferir provar a Francesinha, que é um prato tradicionalíssimo da região norte de Portugal e delicioso de chorar no cantinho, basta sentar no restaurante da cidade que lhe aprouver mais, pois todos servem a iguaria. A Francesinha é um tipo de sanduíche recheado com linguiça, salsicha, fiambre, bife e outras carnes que é coberto com queijo gratinado e servido com molho à base de tomate, cerveja e pimenta piri-piri.
Depois de satisfeita a fome, é hora da última parte do passeio pelo centro histórico da cidade. Saindo do Frigideiras e indo para a esquerda, é só dobrar na primeira esquina à direita em uma passagem que não tem nome e, depois, na primeira à esquerda na Rua Dom Afonso Henriques. Siga por ela até que mude de nome para São Lázaro e encontre com a Rua do Raio. Na sua esquerda, você verá a bela fachada azulejada do Palácio do Raio, mais um belo exemplar da arquitetura barroca do século XVIII em Braga. Entrando na Rua do Raio, você chegará à Fonte do Ídolo, erguida no tempo em que Braga ainda era parte do Império Romano. Para conhecer o sítio arqueológico, a entrada custa 2 euros (visitas de terça a domingo, das 9h à 12h30 e das 14h às 17h30).
Seguindo pela Rua do Raio, você sairá na esquina da principal via da cidade, a Avenida da Liberdade. Vá primeiro para sua esquerda, para apreciar os canteiros floridos da parte que é fechada para pedestres e namorar as vitrines, pois é aqui que se concentram as principais lojas do comércio de Braga. Aproveite para fazer um lanche, tirar suas últimas fotos e se despedir do centro histórico. Se você estiver de carro, é hora de buscá-lo no estacionamento e setar no GPS o caminho de pouco mais de cinco quilômetros até o Santuário do Bom Jesus do Monte.
Se não, volte pela Avenida Liberdade até encontrar a unidade do supermercado Pingo Doce. Na frente dele há uma parada de ônibus de onde sai o autocarro 2 em direção ao Bom Jesus, que é o ponto final da linha. O bilhete custa 1,65 e pode ser comprado diretamente com o motorista. Antes de ler sobre como visitar o santuário, confira no mapa abaixo cada passo do roteiro pelo centro histórico de Braga:
Braga – O santuário
Foi numa colina coberta de árvores a leste de Braga que, em 1722, o arcebispo da cidade teve a ideia de construir uma gigantesca escadaria em estilo barroco para dar acesso ao então pequeno Santuário do Bom Jesus do Monte. Naquela época não se poderia prever, mas esta joia arquitetônica acabaria se tornando o mais espetacular santuário de Portugal e atração imperdível não só de Braga, mas de toda a região norte do país. Uma vez no topo da colina, você deve escolher como vai fazer a visita ao santuário: se sobe e desce de funicular, sobe de um jeito e desce do outro; ou se faz os dois sentidos caminhando. Nossa recomendação é que você suba de funicular e desça pelas escadarias.
Não que a subida seja muito extenuante, mas porque o bondinho que faz a subida é uma atração à parte. Construído em 1822, ele é o mais antigo funicular movido a sistema hidráulico em funcionamento no mundo. Vindo pela estrada em direção ao santuário, você vai ver uma entrada à esquerda e uma placa que indica a entrada do funicular. O estacionamento é gratuito. Já o ônibus deixa você no mesmo lugar. Cada trecho custa 1,20 euros, sendo ida e volta 2. Depois da rápida viagem de menos de cinco minutos, você poderá finalmente admirar toda a beleza do Santuário do Bom Jesus do Monte. Comece seu passeio pela basílica, construída em 1811 no lugar do antigo prédio do século XV.
Muito amplo e bonito, o templo em estilo neoclássico é cercado por oito estátuas que representam as pessoas que estiveram envolvidas na Paixão de Cristo, como Herodes e Pilatos. Logo em frente, fica uma bela escadaria dupla curva, que leva ao Largo do Pelicano, uma espécie de pátio mais baixo. Nele, estão a Fonte do Pelicano, a Estátua de São Longuinho e canteiros floridos lindos de morrer. Este é o melhor ponto para se tirar fotos da igreja. Olhando para o lado oposto você verá o começo a famosa escadaria, ou ‘escadório’ em português lusitano. Ela tem um total de 573 degraus que descem – ou sobem – por 116 metros e está dividida em três partes: do Pórtico, dos Cinco Sentidos e das Virtudes.
Mas, antes de iniciar a descida, admire a vista incrível de Braga lá embaixo! A primeira parte da escadaria para quem vai de cima para baixo é a das Três Virtudes. Construída em 1837, ela consiste em três lances de 93 degraus, sendo que em cada um há três estátuas e uma fonte dedicada a uma das virtudes teológicas: a Fé, a Esperança e a Caridade. Em seguida, começa a segunda parte da escadaria, a dos Cinco Sentidos. O formato é o mesmo, mas desta vez são cinco lances de 104 degraus, seis fontes e 15 estátuas que representam o tato, a audição, o paladar, o olfato e a visão. No fim desta parte, você vai encontrar a mais bela das fontes do santuário: a das Cinco Chagas. Nela, a água jorra de cinco pontos sobre o brasão de Portugal.
É deste ponto que você terá as melhores fotos do escadório! Observe a simetria perfeita desta joia arquitetônica e como o granito dos degraus contrasta com as paredes brancas. Depois, começa a terceira e última parte da descida, mas que já não tem mais nada do elaborado estilo barroco. São os longos e íngremes 376 degraus do Pórtico, cercados pela mata do parque e onde foram erguidas 14 capelas que marcam as estações da Via Crucis. Ao fim – ou no início, para quem faz o percurso contrário -, encontra-se o pórtico que nomeia esta parte da escadaria e que ostenta o brasão de D. Rodrigo de Moura Teles, o arcebispo que encomendou a obra e deu origem a este que é o mais incrível santuário de Portugal!
Passado o pórtico, você estará de volta ao estacionamento em frente à estação do funicular, de onde poderá pegar o carro ou o ônibus de volta para a cidade. O Santuário do Bom Jesus do Monte abre todos os dias, sendo que o funicular funciona das 9h às 20h no verão, e das 9h às 19h no inverno. A entrada na basílica é gratuita e pode ser feita das 8h às 19h no verão, e das 9h às 18h no inverno. Para os interessados em assistir missas no local, elas ocorrem às 8h nos sábados e domingos, às 11h nos domingos e às 17h de segunda a sexta e aos domingos. Para maiores informações, consulte o site oficial do santuário.
Braga – Como chegar
Braga é a principal cidade da região do Minho, extremo norte de Portugal. Ela está localizada 57 quilômetros ao norte de Porto – que é o centro turístico mais próximo -; 365 quilômetros ao norte da capital do país, Lisboa; 25 quilômetros ao norte de Guimarães; e 65 quilômetros ao sul de Viana do Castelo. A maioria dos turistas sai de Porto e faz um passeio de bate-volta de apenas um dia em Braga, sem dormir na cidade. Muita gente acha que, pela proximidade, dá para visitar Braga e Guimarães em um único dia, mas não é possível, já que há bastante coisa para ver em ambas as localidades. De qualquer forma, se você estiver em veículo alugado, é só setar a cidade no seu GPS e deslizar pelas excelentes rodovias portuguesas.
Se não estiver, é possível chegar a Braga saindo de Porto tanto de trem quanto de ônibus. Os trens partem da Estação Campanha a partir das 6h20 e chegam ao destino em 50 minutos. Da Estação de Braga até o Arco da Porta Nova são apenas 700 metros de caminhada. Para voltar, há composições partindo no sentido contrário até as 23h30. As passagens custam a partir de 3,20 euros o trecho. Para maiores informações, consulte o site da Comboios de Portugal. Já os ônibus saem do Campo 24 de Agosto, nº 125, a partir das 4h15 e demoram uma hora para chegar à rodoviária de Braga, que fica a apenas 600 metros da Praça da República. No entanto, os horários são bem menos frequentes do que os de trem. As passagens custam a partir de 6 euros o trecho e podem ser compradas pelo site da Rede Nacional de Expressos.
*** O Escolha Viajar esteve em Portugal em setembro/outubro de 2017 ***